Aula aberta “Género em Foco: (novos) sexismos, media e comportamento social”

Universidade do Minho, Braga, 2 dezembro 2013

Aula aberta “Género em Foco: (novos) sexismos, media e comportamento social” junta especialistas hispano-portuguesas na UMinho

Imagem_final

A aula aberta “Género em Foco: (novos) sexismos, media e comportamento social” realizou-se no dia 2 de dezembro de 2013, das 14h às 17h, na Universidade do Minho, em Braga.
O evento visou promover a reflexão crítica sobre a cobertura noticiosa do Dia Internacional das Mulheres, o papel da publicidade na aceitação dos micromachismos e da violência contra as mulheres, e o modo como as/os jovens percecionam a produção e a regulação da publicidade, particularmente no que concerne à dimensão de género.
Dirigido à comunidade académica e ao público em geral, a iniciativa contou com a participação de especialistas como Carla Cerqueira (Universidade do Minho), Mercedes Durán (Universidade de Sevilha), Roberto Martinez-Pecino (Universidade de Sevilha), Sara I. Magalhães e Ana Jorge (União de Mulheres Alternativa e Resposta).
O encontro decorreu no âmbito do projeto de investigação “O género em foco: representações sociais nas revistas portuguesas de informação generalista” (CECS-UMinho) e o debate foi moderado por Silvana Mota-Ribeiro, Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Universidade do Minho.

Resumo das comunicações:

O Dia Internacional das Mulheres na imprensa portuguesa: um olhar sobre a evolução da cobertura noticiosa

Carla Cerqueira, Universidade do Minho

O campo jornalístico assume-se como um espaço que permite o debate sobre as mais diversas temáticas, contribuindo portanto para a formação da opinião pública.
Nesta apresentação, focamo-nos na evolução da cobertura noticiosa da efeméride do Dia Internacional das Mulheres de 1975 a 2007. Colocando a tónica num conhecimento temporal e geograficamente localizado, pretendemos traçar um olhar que abarca três décadas sobre as narrativas jornalísticas difundidas por dois jornais de caráter generalista: o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias.
Os resultados revelam que ao longo das três décadas a cobertura jornalística apresenta alguma intensidade, embora se foque num tratamento das questões mais episódico do que substantivo.
Ao longo dos anos também parece existir uma evolução em termos da estruturação dos discursos jornalísticos sobre as questões de (des)igualdade entre mulheres e homens na sociedade, embora não se possa referir a existência de um debate e entendimento amplos das complexas questões que giram em torno das assimetrias de género. As fontes político-institucionais têm muito peso nestas notícias, mas a voz de algumas organizações da sociedade civil é (re)conhecida, embora diversas continuem secundarizadas ou mesmo praticamente silenciadas. De referir também que nestes jornais a efeméride passa da reivindicação por melhores condições de vida e por uma sociedade mais justa para uma convenção simbólica que se assinala anualmente.
Relativamente às mulheres que aparecem nos artigos, coexistem representações que continuam a cristalizar as ‘velhas’ dicotomias com representações que invertem os papéis tradicionais de género, suscitando, sobretudo nos anos mais recentes, uma ambivalência entre narrativas dominantes e narrativas de resistência.

La influencia de la publicidad sexista en la percepción social de violencia sexual hacia las mujeres

Mercedes Durán, Universidade de Sevilha

La presencia de publicidad sexista en los medios de comunicación es una realidad en nuestros días, pese a los numerosos intentos de erradicarla.
Esta investigación analiza la influencia de la publicidad sexista sobre la percepción social de violencia sexual hacia la mujer. En concreto, el objetivo de este trabajo empírico es estudiar el impacto de la publicidad sexista sobre la aceptación de mitos relacionados con la violencia sexual. También se analizó el impacto del género.
Los hallazgos aportados por este estudio muestran que la exposición de los jóvenes a imágenes publicitarias sexistas influye en la aceptación de mitos sobre las agresiones sexuales. Del mismo modo, en línea con la literatura previa, los resultados ponen de manifiesto el impacto del género sobre la aceptación de falsas creencias relacionadas con las agresiones sexuales.
Las principales aportaciones de este estudio se discuten a la luz del poder que ejerce la publicidad sexista en la distorsión de la comprensión de la violencia que sufren las mujeres y en su tolerancia social.

Análisis de la influencia de anuncios sexistas y el género en la aceptación de los micromachismos

Roberto Martinez-Pecino, Universidade de Sevilha

Entendemos por micromachismos conductas violentas cotidianas, sutiles y que no son fáciles de percibir ejercidas en el seno de la pareja para mantener una situación de privilegio y superioridad del hombre respecto a la mujer.
Los medios de comunicación en general, y la publicidad en particular, pueden favorecer el mantenimiento y establecimiento de roles y estereotipos sociales. Entre estos, podemos destacar los asociados al género. En este caso la publicidad puede contribuir a mantener creencias sobre roles y estereotipos que tradicionalmente muestran la superioridad del hombre frente a la mujer.
En este trabajo se analiza la influencia de la publicidad y el género de los participantes en el nivel de aceptación de micromachismos en el seno de las relaciones de pareja. Para ello se organizó a los participantes en el estudio en dos grupos. Uno de los grupos fue expuesto a imágenes de anuncios con contenidos sexistas, el otro fue expuesto a imágenes de anuncios con un contenido neutro en cuanto al género. Posteriormente se evaluó mediante un cuestionario el nivel de aceptación de micromachismos.
Los resultados mostraron la influencia del tipo de anuncios sexista versus neutro y del género en el nivel de aceptación de micromachismos apreciándose mayores niveles de micromachismos en los participantes expuestos a anuncios sexistas y en los participantes masculinos.

A Igualdade de Género na produção e regulação da publicidade: mudanças e resistências

Sara I. Magalhães & Ana Jorge, União de Mulheres Alternativa e Resposta

A publicidade apresenta-se na atualidade como um meio pervasivo que atravessa todas as nossas esferas de ação. Quer no espaço público quer no espaço privado, somos constantemente confrontadas/os com anúncios nas mais variadas formas e em diversos meios de comunicação. O projeto PubliDiversidade – Representações Sociais e Igualdade de Género surge, neste sentido, com o intuito de apurar a relevância atribuída à publicidade, enfatizando a dimensão do género.
Nesta comunicação daremos conta de resultados preliminares dos grupos focais (7 sessões, 66 participantes) desenvolvidos, em parceria com o Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho, no sentido de auscultarmos junto das/os futuras/os profissionais da comunicação as suas perceções face aos processos de produção e regulação da publicidade em Portugal, atendendo à dimensão supracitada.
As conclusões preliminares dão nota da perceção de algumas tendências de mudança no que concerne à produção de anúncios publicitários. Ainda que, na generalidade, as/os participantes considerem que existe espaço para uma evolução para representações mais equitativas e com maior diversidade, reconhecem um maior recurso à imagem feminina (quer em posições ativas, quer em posições objetificadas). Além disso, consideram que a sociedade portuguesa, maioritariamente envelhecida, não está educada, ou preparada, para uma maior dinamização ao nível das múltiplas idiossincrasias identitárias existentes em representações mais amplas da diversidade sociocultural portuguesa.

Debate: Silvana Mota-Ribeiro, Universidade do Minho

Organização: Rosa Cabecinhas, Investigadora Principal do projeto “O género em foco: representações sociais nas revistas portuguesas de informação generalista” (PTDC/CCI-COM/114182/2009), CECS-UMinho.