RESUMOS |
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Sessão Temática: 9. Tecnologia, Media e Sociedade | ||||
Autor:
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José António Domingues |
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Instituição:
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Universidade da Beira |
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Dados Curriculares: |
Nascido em Soalheira, é licenciado em Filosofia pela Universidade Católica Portuguesa, secção de Lisboa, e Mestre em Ciências da Comunicação pela Universidade da Beira Interior. É assistente na UBI, onde lecciona Teoria da Comunicação e Ética. Actualmente tem em curso o projecto de doutoramento, intitulado «Mediação, sua arqueologia e paradigma». As suas principais áreas de interesse são: mediação, cultura, tecnologia e filosofia. |
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Título:
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Em torno da mediação e da constituição da experiência |
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Resumo:
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«Um inesgotável desejo de nascer ou ser o odor da terra. Quem é a incógnita soberana?» MEDIADORA CAMINHANTE in António Ramos Rosa, Mediadoras Mediação é um tema essencial da comunicação, pois que emerge como condição da realização de uma comunidade. A partilha plena, a fusão para que o étimo Koinoonia aponta, comunitária e, injuntivamente, comunicacional, é buscada em algo para pôr no meio e efectuar a ligação. Ora, comunidade/comunicação que a mediação serve não é exclusivamente política, também irrompe na metafísica, na ética, na teologia.... Uma investigação sobre os sentidos primeiros de mediação que se encontram nas palavras gregas mesites (estar entre), mesiteia (posição central, mediana) e mesiteo (intermediário, árbitro), no Antigo Testamento e no vocabulário paulino do Novo Testamento (Gálatas, I Timóteo e Hebreus) pode esclarecer a sua natureza mista: se, por um lado, evoca que liga, acompanha o que liga. A mediação não é apenas uma ideia abstracta, é um acto. Se ela é infigurável, não o é de um modo puro, figurando-se enquanto se exerce, não se esgotando. Há sempre que mediar e de forma distinta, calculando-se que para melhor. A mediação inscreve-se na história, adquire significado no seu desenvolvimento, todavia não tem uma teleologia própria, pelo que não existe possibilidade de a mostrar mais degradada, cada vez afastada mais de uma raiz (o inverso também podia ser verdadeiro), como o suspeitam os marxistas, numa clara, e única, leitura ético-política que fazem da mediação, em débito a Hegel. O nosso fio condutor relativamente à mediação é o de que 1) originariamente, o homem, marcado pela sua incompletude, é um ser de mediação técnica que, para interagir com o mundo da vida, constrói ambientes artificiais e move-se dentro deles. Há interesse em seguir uma orientação histórica na análise de como a mediação se cruza com a questão da constituição, de que a modernidade é apresentada como era paradigmática. Geralmente, aponta-se como exemplo determinante disso mesmo o aparecimento nesta fase do constitucionalismo jurídico-político. A constituição engloba a ideia de um espaço simétrico que restabeleça o entendimento comum dos seres e a sua separação; 2) mas também em verificar como historicamente a mediação liberta a constituição da experiência. Daí ela não ser, exclusivamente, uma questão teórica, mas prática, já que aponta para um agir, uma reelaboração permanentemente prática da experiência, de que destacamos os momentos teológico, filosófico, gramatológico, representacional, técnico-científico e digital. Tal é coincidente com o entendimento de como ela se forma, portanto, de uma sua arqueologia. |