A mensagem luso-tropical do colonialismo português tardio: o papel da propaganda e da censura

Cláudia Castelo

Resumo


Numa genealogia da lusofonia, enquanto conceito político e ideológico, é possível detetar a versão simplificada e nacionalista do luso-tropicalismo, construída durante e pelo Estado Novo português no pós Segunda Guerra Mundial. Esse expediente discursivo serviu a política externa portuguesa e apelou à mobilização interna, em torno da defesa da ‘nação pluricontinental e multirracial do Minho a Timor’, face às crescentes pressões internacionais para a autodeterminação das colónias. Paradoxalmente, foi durante a guerra colonial (1961-74) que a ditadura portuguesa levou mais longe a instrumentalização do ideário luso-tropical. Veiculado pela propaganda, o luso-tropicalismo norteou também as preocupações da censura aos textos sobre o ultramar dos anos 60 ao fim da ditadura, graças às diligências do Gabinete de Negócios Políticos, do Ministério do Ultramar. O facto de não só a propaganda mas também a censura ter conscientemente veiculado uma mensagem luso-tropicalista é um dado novo, que concorre para a compreensão da perenidade da narrativa sobre a excecionalidade da relação de Portugal com os trópicos.

Palavras-chave


censura; colonialismo; Estado Novo português; luso-tropicalismo; propaganda

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