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Aqui se apresentam alguns elementos informativos relativos ao 5º Congresso da Sopcom, bem como à cidade que o albergará (Braga), de modo a facilitar a deslocação e a tornar agradável a estadia de todos os congressistas.

A Comissão Organizadora e o Secretariado do Congresso (5sopcom@ics.umiho.pt) renovam a sua disponibilidade para prestar todas as informações adicionais que sejam necessárias.

 

Escapada
Em Braga,sê romano
Abel Coentrão
in Fugas, caderno do Jornal PÚBLICO, Maio, 2007

Braga é conhecida como a Roma portuguesa pela sua profusão de templos. Mas poderia bem ser outra a conotação. Abel Coentrão (texto) e Luís Efigénio (fotos) recuaram no tempo à descoberta de uma cidade fundada pelo Imperador Augusto em 16 A.C (...).

Num cartaz na auto-estrada A3, a cidade de Braga assume o seu carácter barroco, uma estética visível mesmo na medieva catedral e que deixou marcas em dezenas de igrejas e edifícios civis. Mas séculos antes do dourado tomar contar dos altares, já o ouro passava de mãos em mãos, numa cidade fervilhante de comércio e de gente, cujo domínio político se haveria de estender ao noroeste da península, a Callaecia. Cristo ainda não tinha nascido e já Augusto se tinha apossado deste território dos bracarus, mandando construir aqui uma das três cidades da finisterra do Império Romano que mereceram o seu nome.
Estaríamos em 16 A.C, acreditam os arqueólogos, quando se fundou Bracara Augusta. Sede regional, ou de conventus romano, capital do reino dos Suevos, invadida por visigóticos e mouros, reconquistada e erguida ao lugar de centro da cristandade peninsular, com importância na criação do reino de Portugal, expoente do barroco e da arquitectura feita à custa do ouro do Brasil, aquela que hoje conhecemos simplesmente por Braga é sítio de muitas memórias. A maior parte delas está concentrada no edificado do centro histórico, onde as mesmas pedras foram sendo reutilizadas, camada sobre camada, a cada vitória de uma nova civilização. Pelo repicar dos sinos, é fácil de perceber que o cristianismo conseguiu impor-se até aos nossos dias. Braga é, pelos seus templos, conhecida popularmente como a Roma portuguesa. Mas há muito mais de romano por aqui.
Essa presença anterior revela-se na própria catedral numa pedra, na fachada que dá para o Largo de São João Peculiar: conditum sub imperator augusto, lê-se neste lugar que, por opção, aqui se toma como ponto de partida para um roteiro pelos monumentos que, ainda hoje, nos reavivam a imagem desse tempo em que Portugal (Portus Calle) era apenas um topónimo do principal porto desta cidade romana, o rio Douro. Noutra pedra exterior da mesma Sé, Lucrecia Fida, mulher de origem indígena e sacerdotiza do culto imperial homenageou Ísis, numa evocação pagã que não preocupou os construtores do futuro templo cristão.
Perto da Sé, a Bibliopolis não é apenas a cidade dos livros. Recentemente inaugurada, a nova biblioteca é um bom exemplo da integração entre arquitectura e memória. Lá dentro, a porta da videoteca é enquadrada por um arco de volta quebrada no qual uma inscrição em hebraico nos diz que o edifício sobre a qual foi construída, a Casa Grande de Santo António das Travessas, serviu, entre 1465 e 1491 como sinagoga. Mas é na sala de leitura que o mergulho no tempo se afigura maior. Protegida por uma capa de vidro, a cloaca - esgoto - que servia a cidade romana revela-se quando ligamos o interruptor. E ao lado, as pedras das arcadas de um pórtico virado para um dos cardos (rua com eixo-norte sul) da antiga cidade.
A pouco mais de uma centena de Metros, atravessando o largo Paulo Orósio e subindo um pouco a Rua Dr. Rocha Peixoto, entramos na zona que em meados da década de 70 ficou famosa pela destruição de ruínas e pelo movimento gerado em sua defesa, que esteve na origem da criação do projecto de salvamento de Bracara Augusta. Virados para Sul temos à esquerda o imponente Museu Regional de Arqueologia D. Diogo de Sousa, com os terrenos que escondem, no subsolo, mais vestígios romanos. À direita, as termas públicas da Cividade, um belo exemplo de musealização do balneário termal que, segundo Sande Lemos, arqueólogo da Universidade do Minho, seria um edifício anexo, e complementar, do Teatro que ali ao lado vem sendo escavado, e cujas bancadas terminam num palco, numa cota mais baixa, em zona cercada pelos prédios que há três décadas ali foram erguidos.

A Fonte do Ídolo
De regresso ao Largo Paulo Orósio - onde se julga que teria sido a zona do Forum de Bracara Augusta - e seguindo em direcção à rua do Alcaide, chegamos ao Largo de S. Tiago, onde se situa o Museu Pio XII. Alvo de uma ampliação há poucos anos, o espaço alberga algumas peças de inegável valor, recolhidas há décadas pelo cónego Luciano dos Santos, como um mosaico com motivos piscícolas ou uma figura de toga esculpida na pedra, entre dezenas de outras. A pedido, é possível que nos deixem visitar, ou pelo menos vislumbrar, o que resta de uma casa (domus) deixada à vista, após escavações, no claustro do contíguo edifício do seminário.
Numa cidade recheada de ruínas - algumas delas ainda não visitáveis, como a da extraordinária domus na cave do Edifício da Junta da Sé, outras bem à mão, como o balneário pré-romano integrado no edifício da estação de caminhos-de-ferro e que poderá sido usado pelos nativos bracarus durante a construção da urbe dirigida por engenheiros militares do novo conquistador, admitem arqueólogos - há um monumento singular, de visita inevitável: A Fonte do Ídolo. Esculpida numa rocha por Celicus Fronto, honra uma divindade sincrética, Tongoenabiago, mistura de um culto local, o de Tongo, e do de Nabia, deusa romana ligada às águas que, cada vez menos, ainda escorrem da pedra.
Antes de um salto às Frigideiras do Cantinho, no Largo São João do Souto, onde se pode comer um doce e espreitar sob o vidro que nos sustenta os pés, os restos de uma outra domus, vale mesmo a pena pagar para ver a Fonte do Ídolo. Salvaguardada num edifício desenhado com uma eficaz simplicidade estética, é apreciável a luz que desce da enorme clarabóia, iluminando o relevo esculpido do que poderá ser o dedicante cidadão de Arcobriga - que viajou para Bracara desde a actual província espanhola de Saragoça - e da estranha divindade que sobreviveu ao tempo e à cristandade que domina a cidade, para se transformar, quase vinte séculos depois, num dos mais importantes santuários rupestres da península.

De regresso a Bracara Augusta

A epigrafia - inscrições em pedras - é uma das melhores maneiras de se reconstituir a sociedade da época, mas os muitos exemplares encontrados estão espalhados por vários sítios. O mais importante deles é o Museu Regional de Arqueologia D. Diogo de Sousa - nome do Bispo dos idos de 500 que abriu a cidade ao renascimento e se interessou por este passado pré-cristão da cidade. Trinta anos passados desde o início da operação de salvamento de Bracara Augusta, colocada em perigo pela expansão urbana, e duas décadas depois de iniciado o projecto, o belíssimo edifício construído na zona do campo arqueológico está pronto, mas ainda não abriu. Depois de várias datas, estima-se que seja no Verão que os interessados possam, finalmente, espreitar o riquíssimo espólio ali guardado. Enquanto isso não acontece, o museu coopera na celebração desse passado romano, que começa a ganhar foros de tradição, numa cidade cujo centro histórico regressará, de quinta a domingo da próxima semana, a esse tempo de túnicas e cabeças laureadas, de gladiadores e mercadores apregoando bens numa língua estranha. O evento Braga Romana começa quinta-feira, pelas 10h00, com a recepção ao imperador Augusto no Rossio da Sé, seguido por um cortejo pelas ruas circundantes. O mercado Romano funcionará todos os dias das 10h00 às 24h00. O ponto forte deste recuo no tempo acontece no fim-de-semana. Na sexta à noite há um cortejo, aberto a qualquer participante que se apresente trajado antes de um espectáculo de dançarinas, cuspidores de fogo e malabaristas. E no sábado à noite há um espectáculo de música, dança e teatro. Quem apenas conseguir passar por Bracara Augusta no domingo encontrará o mercado e as lojas de comida romana abertas.

Mais informações em:
www.cmbraga.pt/html/bracara_augusta/index.html.

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