The Politics of Climate Change: Discourses and Representations
Project funded by Fundação para a Ciência e para a Tecnologia (2005-2008)
POCI/COM/56973/2004
 
(Climate Change, Media and Citizens)
Anabela Carvalho (org.)
2011
Coimbra: Grácio Editor.
 
THIS BOOK IS IN PORTUGUESE.
SCROLL DOWN FOR A TRANSLATION OF
CHAPTERS’ ABSTRACTS TO ENGLISH.
 
Sinopse
Nas últimas duas décadas, as alterações climáticas transformaram-se numa questão pública e política de grande importância. Emergindo inicialmente da esfera científica, a questão conquistou um elevado nível de atenção nos media e noutras arenas públicas e desencadeou processos políticos inéditos. Com fortes ligações ao campo económico, as alterações climáticas têm também cruciais dimensões éticas e culturais.
Como é socialmente construído o significado desta questão complexa e multi-dimensional? Este livro procura responder a esta questão utilizando diferentes quadros teórico-conceptuais e diferentes métodos de recolha e análise de dados. O seu principal objectivo é compreender a relação entre os discursos de vários actores sociais, o discurso dos media e as representações sociais dos cidadãos sobre as alterações climáticas.
 
Capítulo 1
Introdução
Anabela Carvalho
 
Capítulo 2
Entre a ciência e a política: a emergência das alterações climáticas como uma questão pública
Anabela Carvalho
Resumo
Este capítulo faz uma análise cronológica da evolução da questão das alterações climáticas no âmbito da ciência e da política. Após uma breve reflexão sobre o surgimento histórico da ‘agenda ambiental’, o capítulo centrar-se-á nos eventos ocorridos a partir de 1988 na área das alterações climáticas. O capítulo discute os principais desenvolvimentos nos campos da ciência e da política (e, partindo daí, nas esferas económica e social) até à actualidade, e reflecte sobre as suas repercussões na atenção pública e na mobilização política internacional. A par com a dimensão internacional, este texto procura fazer uma biografia da questão das alterações climáticas em Portugal, identificando os momentos e as acções mais determinantes para a sua construção enquanto problema político e social.
 
Capítulo 3
Discursos de actores sociais sobre alterações climáticas
Anabela Carvalho
Resumo
Que discursos sobre as alterações climáticas são formulados por diferentes actores sociais em Portugal? Que visões e propostas são avançadas face ao problema? A construção social das alterações climáticas depende da informação, argumentos e perspectivas disseminadas por cientistas, Governo, ONGs e outras entidades. Este capítulo produz uma análise da forma como vários actores sociais ‘pensam’ as alterações climáticas e os riscos e responsabilidades associados à questão. Centrando-se sobre a documentação disponível no ciberespaço português, o capítulo recorre à análise de conteúdo e à análise de discurso para examinar comparativamente o que dizem diferentes entidades e conclui que as alterações climáticas são construídas sob o prisma dos discursos do desenvolvimento sustentável e da modernização ecológica numa abordagem predominantemente técnico-gestionária.
 
Capítulo 4
Estratégias comunicativas dos actores sociais
Anabela Carvalho e Eulália Pereira
Resumo
As alterações climáticas requerem a intervenção de determinados actores sociais para se transformarem em questões públicas e políticas. De que forma é que tais actores promovem os seus pontos de vista em várias arenas públicas e nos media? Que relação mantêm com os media e com os seus profissionais? Neste capítulo, procura-se reflectir sobre estas questões com base em entrevistas realizadas com vários tipos de actores sociais. Por meio de uma análise comparativa, são identificadas diferenças e semelhanças entre actores sociais relativamente aos seguintes aspectos: percepções gerais da mediatização das alterações climáticas; valorações dos diferentes media; comunicação com os media; percepções da reconstrução mediática do seu discurso; e relações com os jornalistas. O capítulo inclui ainda uma análise das práticas de consumo dos media pelos actores sociais entrevistados e uma síntese de desafios para a comunicação das alterações climáticas que referiram.
 
Capítulo 5
A reconstrução mediática das alterações climáticas
Anabela Carvalho, Eulália Pereira, Ana Teresa Rodrigues e Ana Patrícia Silveira
Resumo
Este capítulo analisa a representação mediática das alterações climáticas em Portugal. O estudo cobre quatro media impressos – Público, Correio da Manhã, Expresso e Visão – que foram seleccionados devido às suas posições no mercado das audiências e devido ao seu poder para marcar as agendas políticas e sociais. Centrando-se em vários ‘momentos críticos’ entre 1990 e 2007, o capítulo apresenta os resultados de uma análise de conteúdo de diferentes dimensões dos artigos jornalísticos. Para além disso, faz-se uma análise crítica do discurso desses meios impressos em quatro momentos críticos entre 2003 e 2007. A televisão é também objecto de análise com base numa amostra de emissões noticiosas da RTP1, 2:, SIC e TVI. Ao longo do capítulo, procura-se comparar a representação da mudança global do clima em diferentes media com o objectivo de compreender se existem discursos alternativos. Dada a sua importância para a definição do problema e para a formulação de opções de acção, as questões do risco e da responsabilidade merecem particular importância na análise da (re)construção mediática das alterações climáticas.
 
Capítulo 6
O trabalho de produção jornalística e a mediatização das alterações climáticas
Anabela Carvalho, Eulália Pereira e Rosa Cabecinhas
Resumo
A produção jornalística envolve procedimentos de selecção, pesquisa e reconstrução discursiva da realidade. Este capítulo analisa o trabalho jornalístico associado à mediatização das alterações climáticas. Através de entrevistas e de grupos focais, procurámos compreender o modo como a comunidade jornalística vê a questão das alterações climáticas e os factores que influenciam a sua cobertura. Como é que os critérios de selecção, as normas jornalísticas e as rotinas profissionais condicionam a produção jornalística e moldam o discurso mediático sobre alterações climáticas? Como é que os jornalistas percepcionam as suas relações com as fontes, ou seja, os vários actores sociais com relevância para a análise das alterações climáticas? Qual o peso da organização mediática e da sua cultura no exercício do jornalismo sobre esta questão? Estas são as principais questões a que este capítulo procura responder.
 
Capítulo 7
Representações sociais sobre alterações climáticas
Rosa Cabecinhas, Anabela Carvalho e Alexandra Lázaro
Resumo
Neste capítulo abordamos os resultados de três estudos empíricos sobre as representações das alterações climáticas. A metodologia de recolha de dados utilizada foi a associação livre de palavras. Os participantes foram solicitados a pronunciarem-se livremente sobre ‘os grandes problemas que enfrenta hoje a humanidade’ (Estudo 1) ou especificamente sobre as ‘alterações climáticas’ (Estudos 2 e 3). Nos dois primeiros estudos, realizados em 2005, participaram estudantes universitários enquanto que o terceiro estudo, realizado em 2007, contou com a participação de uma amostra bastante diversificada. No Estudo 1 constatámos a ausência de centralidade das questões ambientais. A ‘poluição’ foi considerada como o quinto maior problema com que se depara a humanidade, mas as referências a outras questões ambientais foram muito baixas e as ‘alterações climáticas’ não foram evocadas espontaneamente pelos participantes, o que demonstra a baixa saliência deste fenómeno para os jovens inquiridos. No entanto, no Estudo 2 verificámos que as ‘alterações climáticas’ são percebidas como uma ameaça, já que são associadas com doenças, morte e destruição. As potenciais acções de mitigação do problema são referidas apenas por 4% dos participantes. Os resultados sugerem que os participantes se percebem como eventuais vítimas mas não como potenciais agentes de mudança. No Estudo 3, para além do conteúdo das imagens associadas às alterações climáticas analisámos também a valência emocional dessas imagens e a sua estruturação em função dos grupos de identificação dos participantes.
 
Capítulo 8
Uso dos media e envolvimento com as alterações climáticas
Alexandra Lázaro, Rosa Cabecinhas e Anabela Carvalho
Resumo
Será que existe congruência entre o nível de conhecimento sobre as alterações climáticas, as percepções de risco, o nível de preocupação e as intenções comportamentais para mitigar as alterações climáticas? E será que o consumo de informação mediatizada influencia significativamente o conhecimento e o envolvimento afectivo com a questão das alterações climáticas? Os resultados de um questionário com uma amostra portuguesa mostram um nível de conhecimento moderado, e preocupação e percepção de risco elevadas, que influenciam parcialmente o comportamento face às alterações climáticas. Os media são a fonte principal de informação sobre as alterações climáticas e as práticas de uso das fontes de informação têm um impacto significativo em algumas dimensões do envolvimento pessoal com a questão – preocupação e, em menor grau, conhecimento das causas, acções de mitigação e intenções comportamentais. Contudo, o grau de utilização das fontes de informação parece ter pouco impacto nas percepções de risco e na valência afectiva das imagens associadas com as alterações climáticas.
 
Capítulo 9
Conclusões
Anabela Carvalho
 
 
 
 
TRANSLATION
 
Book synopsis
In the last two decades, climate change became a matter of great public and political importance. Emerging primarily from the scientific sphere, the issue gained a high level of attention in the media and other public arenas and sparked unprecedented political processes. With strong links to the economy, climate change also has crucial ethical and cultural dimensions.
How is the meaning of this complex and multi-dimensional issue socially constructed? This book seeks to answer this question by using different theoretical and conceptual frameworks and methods of collecting and analyzing data. Its main objective is to understand the relationship between the discourses of various social actors, media discourses and citizens’ social representations of climate change.
 
Chapter 1
Introduction
Anabela Carvalho
 
Chapter 2
Between science and politics: the emergence of climate change as a public issue
Anabela Carvalho
Abstract
This chapter offers a chronological analysis of the evolution of climate change in the scientific and political spheres. After a brief reflection on the historical emergence of the ‘environmental agenda’, the chapter focuses on the history of climate change since the late 1980s. It discusses key developments in the fields of science and politics (and, relatedly, in the social and economic spheres), and reflects on their impact on public awareness and on international political mobilization. Along with an international analysis, the chapter seeks to offer a biography of climate change in Portugal, identifying the moments and actions that have been most significant in its construction as a social and political problem.
 
Chapter 3
Discourses of social actors on climate change
Anabela Carvalho
Abstract
What discourses on climate change are advanced by different social actors in Portugal? What visions and proposals are promoted? The social construction of climate change depends on arguments and perspectives put forth by scientists, governments, NGOs and other entities. This chapter looks at how various social actors speak about climate change and the risks and responsibilities associated with the issue. By focusing on the documentation available in the Portuguese cyberspace, the chapter draws on content analysis and discourse analysis to examine what different social actors say and concludes that climate change is mainly constructed through the prism of the discourses of sustainable development and modernization ecological with a predominantly technical and managerial approach.
 
Chapter 4
Communication strategies of social actors
Anabela Carvalho and Eulália Pereira
Abstract
In order to become a public and political issue, climate change requires the intervention of social actors. How do such actors promote their views in various public arenas and in the media? What relationship do they have with the media and their professionals? In this chapter, we reflect on these issues based on interviews with various social actors. Through comparative analysis we identify similarities and differences between social actors on the following aspects: general perceptions of media coverage of climate change; valuations of different media; communication with the media; perceptions of the media’s reconstruction of their discourses; and relations with journalists. The chapter also includes an analysis of practices of media consumption by social actors and a summary of challenges for communication on climate change that they pointed out.
 
Chapter 5
The reconstruction of climate change media
Anabela Carvalho, Eulália Pereira, Ana Teresa Rodrigues and Ana Patrícia Silveira
Abstract
This chapter examines media representations of climate change in Portugal. Our study covers four print media – Público, Correio da Manhã, Expresso and Visão - which have been selected because of their market positions and their influence on political and social agendas. Focusing on several ‘critical moments’ between 1990 and 2007, the chapter presents the results of a content analysis of various dimensions of newspaper articles. In addition, it offers a critical discourse analysis centered on four critical periods between 2003 and 2007. Television coverage of climate change is also analyzed based on a sample of news broadcasts from RTP1, 2:, SIC and TVI. Throughout the chapter, we compare representations of global climate change in different media in order to understand whether there are alternative discourses. Given their importance in the definition of the problem and in the formulation of policy options, issues of risk and responsibility are awarded special attention in the analysis of the (re)construction of climate change in the media.
 
Chapter 6
Journalistic work and media coverage of climate change
Anabela Carvalho, Eulália Pereira and Rosa Cabecinhas
Abstract
Journalism involves selection procedures, research and discursive reconstruction of reality. This chapter examines the journalistic work associated with the media coverage of climate change. Through interviews and focus groups, we trie to understand how the journalistic community sees climate change and the factors that influence media coverage. How do selection criteria, professional norms and routines condition news-making and shape media discourse on climate change? How do journalists perceive their relationships with sources, i.e., the various social actors that are relevant to the analysis of climate change? What is the weight of the news organization and its culture in the practice of journalism on this issue? These are the main questions that this chapter aims to answer.
 
Chapter 7
Social representations of climate change
Rosa Cabecinhas, Anabela Carvalho and Alexandra Lázaro
Abstract
In this chapter we discuss the results of three empirical studies on social representations of climate change. The methodology of data collection that we employed was free word association. Participants were asked to express their views freely about the ‘most important problems that humanity is presently facing’ (Study 1) or, specifically, about ‘climate change’ (Studies 2 and 3). In the first two studies, conducted in 2005, the participants were university students while the third study, conducted in 2007, had a diverse sample of participants. In Study 1 we note the lack of centrality of environmental issues. ‘Pollution’ was considered as the fifth biggest problem that humanity faces but the number of references to other environmental issues was very low and climate change was not mentioned spontaneously by the participants, which demonstrates the low salience of this issue for young respondents. However, in Study 2 we found that climate change is perceived as a threat, since it was associated with disease, death and destruction. Potential actions of mitigation of climate change were referred by only 4% of the participants. The results suggest that participants perceive themselves as possible victims but not as potential agents of change. In Study 3, besides the content of mental images associated with climate change we also analyzed the emotional valence of these images and how they are structured in relation to the participants’ group identification.
 
Chapter 8
Media uses and engagement with climate change
Alexandra Lázaro, Anabela Carvalho and Rosa Cabecinhas
Abstract
Is there congruence between levels of knowledge about climate change, perceptions of risk, levels of concern and behavioral intentions to mitigate climate change? Does the consumption of mediated information influence significantly knowledge and emotional engagement with climate change? The results of a questionnaire with a Portuguese sample show a moderate level of knowledge and high levels of concern and of risk perception, which partially influence behavior towards climate change. The media are the main source of information on climate change and practices of use of information sources have a significant impact on some dimensions of personal involvement with the issue: concern and, to a lesser extent, knowledge of the causes, mitigation actions and behavioral intentions. However, the degree of use of information sources seems to have little impact on risk perceptions and affective valence of the images associated with climate change.
 
Chapter 9
Conclusions
Anabela Carvalho