Projecto

Este projecto pretende analisar o cenário em mudança da imprensa portuguesa contemporânea e aferir os factores que tanto impulsionaram o lançamento de novos títulos como motivaram as falências e encerramentos de outros. Tal análise permitirá retirar algumas ilações acerca dos sucessos e insucessos da imprensa escrita. Na prossecução desse objectivo, será constituída uma base de dados das entradas e saídas do mercado da imprensa escrita no país durante a era democrática.

O período de análise, desde 1974 a 2009, permite avaliar e contrastar três períodos distintos do sistema de imprensa português: a) o pós-ditadura que integra o estabelecimento das liberdades básicas, a abolição da censura, a nacionalização dos media propriedade de grupos económicos e entidades com ligações estreitas ao antigo regime; b) a privatização e comercialização da imprensa que decorre dos anos 1980 após a acessão à Comunidade Económica Europeia até à década de 90 caracterizada pela re-privatização dos títulos detidos pelo Estado, a liberalização do sistema mediático e consolidação dos grupos de comunicação portugueses; c) o impacto da digitalização e convergência multimédia do início do século XXI até 2009 quando o mais recente título da imprensa portuguesa foi lançado – o jornal ‘i’, um período assinalado pelos esforços de inovação e investimentos sem precedentes em reestruturar e adaptar os jornais, e alterar os procedimentos de recolha e disseminação da informação.

Nesta fase inicial do projecto, o foco analítico centra-se nos jornais diários e semanários generalistas ou especializados com alcance nacional. A escolha dos jornais prende-se com o facto de se tratar do modelo de negócios que mais sofreram alterações nos media, ainda que no futuro se pretenda abranger todas as entradas na imprensa escrita portuguesa no mesmo período. Assim sendo, espera-se que o projecto contribua para explicar os casos bem sucedidos das entradas e subsistências no mercado tal como os casos de insucesso. Pretende-se determinar tendências nas estratégias de nichos de mercado, sugestões de renovação dos negócios e explicações sobre como os media diferenciam as suas estratégias de ganhar acesso aos recursos e se resguardam de respostas estratégicas e competição.

Entre outros, pretende responder às seguintes questões: Quais as motivações para investir no mercado da imprensa escrita em Portugal? Que estratégias de negócio adoptam os novos players mediáticos no estabelecimento de produtos apelativos e negócios sustentáveis? Estão os novos títulos a inovar nos produtos para satisfazer pretensões das audiências, ou tendem a replicar os já existentes para beneficiar da concorrência? Porque encerram ou são integrados alguns jornais? Será pelo facto dos seus produtos serem superados pelos da concorrência, fraca gestão, um modelo de negócios falho ou outros assuntos determinantes que interferem na operação?

Com essa finalidade em mente, explora os impactos recentes na teoria e prática da economia e gestão dos media e do jornalismo. Mais concretamente, examina a indústria da imprensa contemporânea sob o prisma da conceptualização da economic faillure. Ainda que privilegiando a lente analítica do modelo de mercado não serão descuradas as políticas públicas sobre os media e as implicações para a sociedade. De facto, a análise das mudanças sucessivas na imprensa portuguesa ao longo dos últimos 35 anos deve ser enquadrada nos condicionalismo políticos e sociais acrescidos de outros de natureza tecnológica, cultural e afins.