Bem-Vindo ao II Seminário Internacional “Tempos Sociais e o Mundo Contemporâneo”

O II seminário Tempos Sociais e o Mundo Contemporâneo realiza-se nos dias 19 e 20 de novembro de 2013, na Universidade do Minho, em Braga e tem como tema “As crises, as fases e as ruturas”.

O seminário é coordenado pelo Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS), em colaboração com investigadores do Centro de Investigação em Ciências Sociais (CICS), Departamento de Sociologia e Ciência Política (Universidade de Vigo), Universidade Federal da Paraíba, SOCIUS/UTL e Associação portuguesa de Estudos do Tempo e Sociedade.

O debate que se enuncia estende-se a todas as áreas científicas, sendo especialmente incentivada a participação das ciências exatas, engenharia e tecnologia.

Tem-se registado cada vez mais interesse no estudo das formas de preparação e mecanismos de superação das diversas crises que caraterizam as dinâmicas temporais naturais, relacionais, institucionais e políticas.

Afinal, sob uma fina camada de estabilidade e linearidade, o tempo da vida quotidiana está repleto de sinais de fratura, rutura, descontinuidade, término e inauguração, fim e recomeço, restauração e regresso, precariedade, fragmentação e interrupção.

Grande parte destes tempos, durações, momentos e intervalos é classificada com recurso às palavras “crise”, “rutura” e/ou ”fase”, as quais adquirem diversas interpretações, conforme a autonomia do sujeito, conforme o lugar, a função e a implicação do fenómeno (do rito de passagem, à catástrofe; da celebração da união, à celebração da separação; da abundância ao esgotamento; da paz à guerra; da estabilidade à revolução; da saúde à doença).

Com efeito, a que contextos se aplicam as palavras crise, fase e rutura? Que significado temporal tem cada uma delas? De que cortes no tempo podemos falar? Que implicações sugerem no plano das práticas quotidianas dos atores e no plano dos programas de mudança institucional e social? Como se ultrapassa, resiste, esquece, convive com uma crise, uma fase ou a rutura? Por quanto tempo? E que tipo de crises, ruturas e fases é possível identificar? O que há de negativo e de positivo a debater na experiência da crise e da rutura? Como se entrelaçam o tempo social, o tempo natural e o tempo legal e tecnológico na produção e na intervenção sobre a rutura e a crise?

Como se reconfiguram as representações do tempo nos discursos dominantes e nas relações de dominação nestes momentos de “crise”? De que modo o tempo e as temporalidades integram os reportórios legitimação da experiência e superação da “crise”? O que acontece ao tempo organizacional, ao tempo biológico, ao tempo de lazer, ao tempo religioso, ao tempo mediado pelas tecnologias numa fase de crise?

Numa sociedade, quase fenómeno algum escapa ao dimensionamento temporal dos ritmos fortes e fracos, de riqueza e de pobreza, de abundância e de declínio. Hoje vivemos, então, novos ciclos e novas crises? Ou vivemos as mesmas crises e as mesmas ruturas no tempo e dos tempos, com outros entendimentos e sistemas de cognição, avaliação e comunicação?

Estas são as principais questões que ocupam o segundo seminário “Tempos Sociais e o Mundo Contemporâneo”, no qual se pretende reunir contributos que permitam elucidar, designadamente, acerca de quatro elementos fundamentais: i) o lugar da descontinuidade na experiencia subjectiva do mundo contemporâneo; ii) o lugar da descontinuidade na experiência social, política e discursiva do mundo contemporâneo; ii) a adequação dos quadros teóricos e dos dispositivos metodológicos para a análise das condições de convivência, resistência e/ou superação da(s) crise(s); iv) as implicações e os lugares das crises, das fases e das ruturas nas relações entre o mundo natural e o mundo social, político e legal.

No âmbito do seminário “Crises, fases e ruturas”, promove-se uma mesa redonda específica sobre o tempo, a temporalidade e Anna Arendt, organizada por José Durán, professor na Universidade de Vigo. Convidam-se os interessados em participar a efectuar discrição específica nesta sessão, através de e-mail enviado à organização.

A seguir apresentam-se as principais ideias que orientam a organização desta mesa redonda.

Sessão sobre Anna Arendt
Toda la obra de Hannah Arendt está articulada alrededor del tiempo. El análisis que ella hace de la cultura occidental tiene en el tiempo una de sus fundamentales dimensiones. El tiempo en relación con la Tradición, y lo que significa su pérdida. El tiempo vinculado a la autoridad, en cuanto orden legitimatorio, y lo que supone su crisis en ámbitos como el educativo. El tiempo y su influencia en la esfera de la cultura. El tiempo vinculado a la sociedad de productores y de consumidores. El tiempo y la política. El tiempo y la historia.

El tiempo es para ella la raíz de la vida colectiva. Es esa dimensión intangible que da sentido a todas las experiencias humanas, situando al hombre en el mundo, posibilitando así su continuidad, su historicidad, aun a pesar de la brevedad de su vida. Reflexionar en compañía de Hannah Arendt sobre la importancia del tiempo en la configuración de la vida colectiva, es una invitación para pensar la crisis actual. Una crisis que nos obliga a caminar entre tinieblas cuando ya no contamos ni con un pasado ni con un futuro que iluminen nuestro camino.