A Formação e a Investigação em Comunicação na Saúde em Portugal: um percurso por fazer

A Formação em Comunicação na Saúde tem um caminho a percorrer em Portugal, ainda que no contexto europeu o nosso país não seja dos menos desenvolvidos nesta matéria. Existe uma preocupação em avaliar a produção científica e a formação em Comunicação e Jornalismo de Saúde, que decorre da importância que lhe pode ser atribuída quando se aborda processo de noticiar os temas da saúde: quanto maior for o conhecimento sobre o campo, tanto por parte dos jornalistas como das fontes de informação, melhor será a qualidade dos textos produzidos e, em consequência, mais informado ficará público. Cidadãos mais informados serão, assim, capazes de tomar melhores decisões sobre a sua saúde e de formar opiniões sobre os temas debatidos no espaço público. Este processo trará assim benefícios individuais, mas também vantagens para a sociedade em geral.

Por este motivo, o “A Doença em Notícia” apontou como um dos resultados do projeto uma proposta de formação para a área: compreendendo o processo de produção noticiosa e, em particular, a relação que se estabelece entre os jornalistas e as fontes de informação, seria possível perceber as eventuais necessidades de formação dos profissionais envolvidos. Foi este o mote para o debate entre os intervenientes no “Encontro Científico sobre Comunicação na Saúde”, que se realizou em Braga, no Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, no dia 9 de novembro. Juntou-se “à mesma mesa” jornalistas, assessores e investigadores.

A ideia de que a formação é necessária foi transversal entre os participantes, tal como foi a vontade de participar em futuras iniciativas, e, ainda que o debate se tenha centrado na formação para os jornalistas, foi reconhecida a importância que terá também para os assessores. Uma ideia central foi a de que os temas devem ir ao encontro da necessidade de enquadramento, compreensão e contextualização de fenómenos da atualidade mediática: é necessário conhecer o que é (ou pode ser) notícia agora. Também unânime foi a perceção de que iniciativas dirigidas aos profissionais (jornalistas ou assessores) devem privilegiar formatos de curta duração ou workshops, modalidades mais compatíveis com os ritmos de trabalho.

No que toca a possíveis temas, o que pareceu suscitar mais adesão foram os tópicos da “economia política da saúde”: modelos nacionais e internacionais de gestão e financiamento; políticas de saúde pública e de prevenção da doença; organização e legislação do sector, nomeadamente no contexto europeu; ou ainda a política do medicamento. O papel e organização da indústria farmacêutica também foram referidos, bem como a inovação em saúde, em particular no que toca às novas tecnologias de tratamento e gestão da saúde e aos sistemas de informação. Suscitaram ainda muito interesse o que se poderia definir como “noções básicas de medicina e saúde”, com particular enfoque para a “linguagem médica”.

Estes são apenas alguns exemplos do que foi partilhado na reunião e irá permitir ao “A Doença em Notícia” recentrar a perspetiva inicial do projeto (a criação de uma pós-graduação), tornando-se evidente que é essencial ouvir os profissionais sobre os temas que lhes dizem respeito, neste caso a formação em Comunicação na Saúde.

Sandra Marinho, membro do projeto “A Doença em Notícia”

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