Jornalista – TSF Porto
1. Qual deverá ser o papel dos media na promoção da saúde pública?
Os meios de comunicação social devem, acima de tudo, INFORMAR e a informação deve ser tida e tratada pelos media como um objectivo primordial, para o qual devem canalizar os respectivos recursos. Promover a saúde pública não é (nem deve ser) uma missão exclusiva ou prioritária dos media (deve sê-lo das autoridades de Saúde), mas faz parte de uma abordagem mais abrangente que todos os meios de comunicação social devem ser capazes de perseguir. Se há notícias que podem alarmar a população ou procedimentos reiterados que lhe podem ser prejudiciais, cabe aos media informar com rigor, objectividade e com recurso às fontes identificadas mais informadas. Se há um problema detectado ou, por exemplo, risco de uma pandemia, cabe aos media ajudar a população a lidar com o problema e ser porta-voz dos alertas, avisos e conselhos das autoridades de Saúde. Neste sector, provavelmente mais do que em qualquer outro, as ‘news to use’ devem merecer especial atenção dos media. Ao atingir os públicos de forma massiva, compete à comunicação social descodificar ‘notícias para usar’, que mais não são do que informações úteis e acessíveis no âmbito de uma matéria tão complexa e delicada quanto a informação sobre cuidados preventivos de saúde.
2. Como caracteriza a relação entre os jornalistas e as assessorias no setor da saúde em Portugal?
As relações entre jornalistas e assessores variam muito, dependendo dos meios e instituições para os quais trabalham. Acredito, no entanto, que as duas partes tendem a ser cada vez mais profissionais no cultivo desse relacionamento, o que é indubitalvelmente positivo, ainda que possa encerrar em si alguns riscos. Não raramente, jornalistas e assessores encontram-se em lados opostos da barricada. Isto, contudo, não signica que sejam inimigos. A correcta percepção dos papéis de uns e outros é fundamental para que seja fornecida ao público informação valiosa, útil e verdadeira. Sem verdade na relação entre os mediadores dos organismos (os assessores) e quem transmite a mensagem (os jornalistas) só o público sai prejudicado.
3. Que estratégias poderiam ser desenvolvidas para melhorar a qualidade dessa relação e, por conseguinte, a qualidade da informação mediática sobre saúde em Portugal?
Através de contactos personalizados mais profícuos, em que o papel de protagonista que, não raras vezes, o assessor assume se transforme no de mediador entre o jornalista e o necessário e insubstituível acesso à fonte e/ou ao especialista. Sempre no cumprimento de regras/deveres éticos essenciais que possam ajudar a estabelecer uma relação de confiança plena, verdadeira e consistente. Considero ainda da máxima importância que os agentes do sector, através dos respectivos assessores, filtrem a informação veiculada, de forma a fornecer “matéria” verdadeiramente relevante, comparativa (se for caso disso) e sistematizada e que os jornalistas, por sua vez, sejam capazes de tratar esses mesmos dados com rigor, isenção, objectividade e, sobretudo, com recurso a especialistas. Neste sentido, a existência de informação estatística mais rigorosa, ampla e actual, assume um papel fundamental no sentido de credibilizar e quantificar com rigor a informação prestada.