O jornalista como mediador nos espaços de informação de saúde: compreender os especialistas para informar os cidadãos

phpThumb_generated_thumbnailjpgAo estudar o jornalismo de saúde não podemos ignorar o papel de mediador do jornalista na transmissão da informação especializada à sociedade leiga. Cabe aos profissionais que lidam com estes complicados assuntos a missão de a filtrar, direcionar e mediar antes de chegar aos leitores, telespetadores, ouvintes ou internautas. A informação ‘virgem’, que circula entre os especialistas e a sociedade, poderá ser bastante rigorosa, mas correrá um enorme risco de não ser entendida. E a saúde, mais do que outras áreas do jornalismo, reflete-se no dia-a-dia de todos os cidadãos: não interessa a todos, mas diz respeito a todos. Porque todos podemos ser saudáveis e todos podemos ficar doentes.

Através de uma dissertação de mestrado orientada pela professora Sandra Marinho e intitulada “O jornalista como mediador nos espaços de informação de saúde: compreender os especialistas para informar os cidadãos”, procurámos perceber quais as estratégias de mediação (ou ausência delas) utilizadas pelo jornalista para aproximar o discurso especializado do entendimento leigo dos telespetadores, observámos se as estratégias de mediação mudam consoante o jornalista, a fonte e o tema em análise e, por fim, constatámos se o tipo de mediação utilizada ganha um caráter particular por acontecer no meio televisão.

Em forma de estudo de caso, esta dissertação inserida no projeto financiado pela FCT “A Doença em Notícia” (PTDC/CCI-COM/103886/2008) analisou os espaços de saúde do programa Edição da Manhã, transmitido de segunda a sexta-feira, na SIC e na SIC Notícias. Nos espaços de saúde na televisão, o papel de mediador do jornalista poderá comportar as funções de curador, explicador, educador e convocador. Antes de uma informação científica chegar à audiência, há que a filtrar, explicar – por mais inovadora que seja -, há que mostrar que os cientistas se podem aproximar dos cidadãos leigos e, por último, adequar a linguagem para que esta seja aceite pelos mais exigentes e entendível pelos menos preparados no assunto.

Como principais notas conclusivas desta dissertação podemos adiantar uma tendência dos espaços de saúde em televisão para acarretarem características diferentes dos espaços dedicados ao tratamento do mesmo assunto noutros suportes de comunicação, nomeadamente na imprensa. Nos assuntos de saúde discutidos em televisão os jornalistas adotaram, na maioria dos casos, um posicionamento ativo e claramente preocupado com o entendimento da audiência acerca dos temas discutidos. Por outro lado, talvez por se tratar do suporte de comunicação onde o poder da imagem é exercido por excelência, o discurso das fontes oficiais ou especializadas caracteriza-se por ser simples e claro. A maioria dos entrevistados complementa a descrição do tema em análise com sugestões e números, embora os jornalistas também o incentivem de forma clara, numa das suas facetas de mediadores.

Bruno Tomé, mestrando em Ciências da Comunicação

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