Andrea Cunha Freitas

Jornalista do Público 

1. Qual deverá ser o papel dos media na promoção da saúde pública?

O papel principal é informar. Nas delicadas questões de saúde, um campo da comunicação onde o que escrevemos e dizemos pode ter um grande peso nas escolhas e comportamentos dos nossos públicos, é essencial alertar sem alarmar. Esta orientação – procurar o alerta e não o alarme – é um bom ponto de partida (e chegada!) para aliar a informação à promoção da saúde pública. Informação que deve ser precisa, clara, sem detalhes demasiado técnicos ou especializados e devidamente contextualizada. Muitas vezes nas notícias de saúde além do que nos leva a escolher o tom (o nosso título) temos de (leia-se devemos) fornecer informação de contexto que explica a importância do assunto. Muitas vezes essa informação não parece essencial para a notícia, para o jornalista, porém, muitas vezes é essencial para o público e para passar a informação correctamente. Para isso, é preciso saber do que estamos a falar/escrever. É preciso percebermos bem o que está à nossa frente, sejam números, estatísticas ou situações de doença, para conseguirmos explicar.

2. Como caracteriza a relação entre os jornalistas e as assessorias no setor da saúde em Portugal? 

De uma forma geral, como uma boa relação. Julgo que ao longo dos anos a relação se tornou mais intensa (os contactos, solicitações e diferentes estratégias de abordagem aumentaram e diversificaram-se), mas também mais transparente. Na minha opinião, ainda existe o problema da suspeita sobretudo no caso das assessorias não oficiais. Há sempre a dúvida sobre os seus verdadeiros interesses, o que é que nos estão a tentar vender. Embora, repito, existam muitos casos em que essa dúvida já não se coloca e em que a questão é colocada de forma transparente e frontal. Julgo que as assessorias têm aprendido novas maneiras de nos procurar e também novos recursos para nos “seduzir” mas, por outro lado, os jornalistas também respondem a isso e adquirem novas ferramentas que facilitam a avaliação das propostas e o seu escrutínio.

3. Que estratégias poderiam ser desenvolvidas para melhorar a qualidade dessa relação e, por conseguinte, a qualidade da informação mediática sobre saúde em Portugal?

Julgo que é importante estabelecer uma relação com verdade e alguma proximidade (não demasiada) para que se estabeleça então o essencial: uma relação de confiança. O trabalho fica mais fácil e útil para os dois lados, com melhores resultados também. O importante é conciliar todos os interesses envolvidos com uma resposta de qualidade para o público. O “alvo” das duas partes, ainda que as motivações possam ser muito diferentes na maioria dos casos.

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