Este projeto de doutoramento pretende estudar os processos produtivos das notícias de saúde na imprensa portuguesa. Surge na sequência da investigação desenvolvida enquanto bolseira de investigação no projeto de coletivo financiado pela FCT “A Doença em Notícia” (PTDC/CCI-COM/103886/2008) e do qual resultou também uma dissertação de Mestrado (“As relações negociais entre jornalistas e fontes: o caso da Saúde”).
Pretendemos saber de que forma é que a saúde pode ser comunicada de maneira eficiente das fontes de informação para os jornalistas e destes para o público em geral, num trabalho que cruza duas áreas do conhecimento nas Ciências da Comunicação: o Jornalismo e a Comunicação Estratégica. Embora sejam campos de estudo diferenciados, defendemos que a articulação destas áreas será proveitosa para o trabalho e poderá constituir uma mais-valia da investigação.
Pretendemos definir um campo de investigação por desbravar nas Ciências da Comunicação, traçando linhas orientadoras para os jornalistas especializados em Saúde e para os profissionais da Comunicação na Saúde, nomeadamente as fontes organizadas. É nosso objetivo ajudar a perceber o campo da Comunicação em Saúde, contribuindo para a criação, no plano académico, de um jornalismo especializado em Saúde, à semelhança do que já existe para outras áreas. Esta é uma área do jornalismo que necessita de regras específicas e normas orientadoras que facilitem uma transmissão de informação feita de forma eficiente e precisa. Pretendemos trabalhar o papel desenvolvido pelas fontes de informação organizadas, concretamente as fontes oficiais e aquelas que, sendo especializadas, falam em nome de uma instituição, com o intuito de propor um manual de boas práticas para a Comunicação em Saúde.
Embora exista investigação desenvolvida na Comunicação na Saúde, a nível nacional há ainda um vazio nesta área, com estudos que se ficam por um contato superficial. Pretendemos aprofundar esta área de pesquisa, nomeadamente através do estudo das relações entre jornalistas, fontes de informação, e públicos.
Em termos metodológicos, esta investigação combina a análise documental, a análise das notícias, e entrevistas semiestruturadas. A análise documental será transversal a quase todo o trabalho, dando-nos o suporte teórico da investigação; a análise quantitativa das notícias de saúde será feita entre 2012 e 2014, com base nas versões impressas dos jornais Expresso, Sol, Público, Jornal de Notícias, Diário de Notícias e Correio da Manhã; por fim, conduziremos entrevistas semiestruturadas com os jornalistas que cobrem os temas de saúde na imprensa e com as fontes mais e menos mediatizadas, tentando perceber os processos produtivos da informação de saúde.
Rita Araújo - membro da equipa do projeto “A Doença em Notícia”; doutoranda de Ciências da Comunicação – Universidade do Minho;
* Este artigo insere-se no projeto de Doutoramento intitulado “Os processos produtivos das notícias de saúde: o triângulo fonte-jornalista-público” (SFRH/BD/86634/2012), executado com bolsa de investigação no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) – Programa Operacional Potencial Humano (POPH) – Tipologia 4.1 – Formação Avançada, comparticipado pelo Fundo Social Europeu (FSE) e por fundos nacionais do Ministério da Educação e Ciência (MEC), através da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).